14 de abr. de 2011

Lágrimas vermelhas

                                                        [...]
                                                       "Era um sonho dantesco... o tombadilho  
                                                        Que das luzernas avermelha o brilho.  
                                                        Em sangue a se banhar.  
                                                        Tinir de ferros... estalar de açoite...  
                                                        Legiões de homens negros como a noite,  
                                                        Horrendos a dançar... " [...]
                                                                             Navio Negreiro - Castro Alves


"Hoje choro por este corpo sem vida, que agora desfalecido, manda sua alma aos céus. Céu, que grande ironia, ó Deus, será você negro, branco ou mestiço? Por esse sofrimento desumano que nos faz passar, porque ó Deus nos traz essa tormenta? Qual é ó pai os nossos pecados? A igualdade que antes sonhava agora fora arrancada de mim por esse capataz que estala seu açoite com a mesma graça que a bailarina faz seus movimentos. No meu amor antes empenhado no corpo que agora jaz lá fora, longe de meus poderes, morre junto." E com essa prece silenciosa apaguei o lampião e me deitei em meu colchão de palha para tentar dormir. Minha vida virada, arrasada. Na manhã silenciosa não encontro aquele que procuro mas o trabalho ma cerca e me caleja. Já a tardinha, sou chamada na casa do patrão. Peço aos céus proteção, graças, não era castigo. Estava recebendo uma promoção, agora iria trabalhar na casa dos senhores, se vestiria melhor e seria a dama de companhia da filha do senhor. Sem mais trabalhos pesados na plantação de café nem capinar de sol a sol. Os dias vão passando, as marcas de um passado onde meu amor foi roubado brutalmente por um capataz vão com o tempo desaparecendo. Numa noite, enquanto faço minha prece silenciosa ouço um barulho de passos fora do comum. A porta do meu quarto se abre e meu senhor entra no quarto. Não gosto da sensação fria que percorre o meu corpo com o olhar que ele me lança. Temo agora pelo meu futuro, pela minha vida escravizada que nunca viu um raio de liberdade. Já ouvi histórias de negras abusadas e depois grávidas, abandonadas nas senzalas como imprestáveis. Fecho os olhos, choro e sofro.


1 de abr. de 2011

"Se o homem não aceita seu passado, não terá futuro." O Retorno da Múmia


Então não remoa o passado, esse não volta. Cresça para o futuro e nele evolua sem cometer os mesmos erros.

XOXO-Imma Be
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