9 de set. de 2012

Palavras ao vento

        "Quando o tempo passou tão rápido? O desenvolvimento pouco sustentável que minha vida trilha agora me faz sentar na cadeira. A cadeira velha, confortável e com um furo no braço que eu costumava arranhar. Esse detalhe busca uma memória dentro de mim. O café fumegante que eu esperava todo fim de tarde, que você sempre trazia com um sorriso no rosto. Quando nos tornamos tão decadentes, tão independentes um do outro? Algumas memórias me fazem sorrir, como aquela do dia em que fomos pescar, e ambos não sabíamos o que fazíamos. Cair no rio foi só uma leve consequência. As lembranças duras trocam o sorriso leve por algo amargo, uma expressão trágica, quase dramática. Essa lembranças não quero compartilhar. Não quero viver o passado outra vez. O problema está no hoje, nos fantasmas que sentam no sofá a minha frente. Esses me encaram como se a errada fosse eu. Como se, ao passar pela porta, você tenha jogado a culpa em mim. Mas que culpa? Alguém a tinha? Tento não senti-los, e voltar apenas a estar sentada aqui. Sem pensamentos nem nada perturbador. Era o meu momento, e só eu era capaz de conduzir, de ter sucesso. Eu precisava deixar no passado o que o tempo se encarregou de levar embora. Você. Nessa casa, para todo lugar que eu olho, vejo o que não quero. Minha vida correu em círculos por tempo de mais. Tempo perdido." Ao acabar de escrever, levanto-me pragmática da cadeira, rabisco um endereço no envelope e pego minha última mala. Eu estava deixando tudo para trás, indo em busca do futuro.

13 de ago. de 2011

MSN de Papel

                Durante os dias milhares de alunos ao redor do mundo trocam bilhetinhos de papel, voadores que habitam as salas de aula. Será mesmo? Eu acredito que sim, que em todo o mundo o terror dos professores é conhecido. Mas o engraçado foi um certo bilhete que um dia me chegou, intitulado MSN de Papel. O diálogo não era meu, nem foi a mim encaminhado. Achei ele na rua. Veja:
Marina diz:
Oiii Felipa tudo bem? Como foi sua tarde ontem?

Felipa diz, mas não queria:
Guria não me enche e presta atenção na aula

Marina diz:
Aii migs, para com isso. E os boys como estão?

Felipa diz, mas novamente não queria:
Eu não sou tua amiga, já há anos!!! Olha só eu não te devo satisfações do que eu faço!

Marina diz:
Qual é, ta se achando superior?
Cuidado dondoca que eu te pego

Felipa diz:
Hã??? Tu tem problemas, porque eu estou aqui em paz, de boa, você que ficou maluca em me mandar esse bilhete, e além do mais seu cabelo está esquisito.

Marina diz:
Fiquei com teu namorado ontem.

                Sim, isso mesmo acabou ai, bem quando ia ficando bom...



28 de mai. de 2011

De repente foi

"Eu quase já tinha me esquecido de você". Pensando nisso, ela calmamente se senta no mesmo balanço em que costumava sentar a vida de estudante inteira. Olha para os lados. Nenhuma movimentação como a que costumava ter na época em que tinha aula. A sentença de morte da escola já estava definida e toda uma história estava aguardando para ser colocada abaixo. Eu estava ali por um motivo, mas já tinha me esquecido qual era. Recolhi minhas coisas, minhas mágoas e sentimento. Eu andava muito emocional ultimamente, já tinha passado na creche, na casa antiga da minha vó e agora na escola. Queria uma resposta sobre isso. Fico tão emocional que não posso acreditar. Não era assim, nunca fui. Queria uma resposta, um médico. Por mais que já me disseram que eu sou maluca acredito no poder da medicina. Era meu pesadelo, uma resposta que mudou tudo. Eu estava grávida.

14 de abr. de 2011

Lágrimas vermelhas

                                                        [...]
                                                       "Era um sonho dantesco... o tombadilho  
                                                        Que das luzernas avermelha o brilho.  
                                                        Em sangue a se banhar.  
                                                        Tinir de ferros... estalar de açoite...  
                                                        Legiões de homens negros como a noite,  
                                                        Horrendos a dançar... " [...]
                                                                             Navio Negreiro - Castro Alves


"Hoje choro por este corpo sem vida, que agora desfalecido, manda sua alma aos céus. Céu, que grande ironia, ó Deus, será você negro, branco ou mestiço? Por esse sofrimento desumano que nos faz passar, porque ó Deus nos traz essa tormenta? Qual é ó pai os nossos pecados? A igualdade que antes sonhava agora fora arrancada de mim por esse capataz que estala seu açoite com a mesma graça que a bailarina faz seus movimentos. No meu amor antes empenhado no corpo que agora jaz lá fora, longe de meus poderes, morre junto." E com essa prece silenciosa apaguei o lampião e me deitei em meu colchão de palha para tentar dormir. Minha vida virada, arrasada. Na manhã silenciosa não encontro aquele que procuro mas o trabalho ma cerca e me caleja. Já a tardinha, sou chamada na casa do patrão. Peço aos céus proteção, graças, não era castigo. Estava recebendo uma promoção, agora iria trabalhar na casa dos senhores, se vestiria melhor e seria a dama de companhia da filha do senhor. Sem mais trabalhos pesados na plantação de café nem capinar de sol a sol. Os dias vão passando, as marcas de um passado onde meu amor foi roubado brutalmente por um capataz vão com o tempo desaparecendo. Numa noite, enquanto faço minha prece silenciosa ouço um barulho de passos fora do comum. A porta do meu quarto se abre e meu senhor entra no quarto. Não gosto da sensação fria que percorre o meu corpo com o olhar que ele me lança. Temo agora pelo meu futuro, pela minha vida escravizada que nunca viu um raio de liberdade. Já ouvi histórias de negras abusadas e depois grávidas, abandonadas nas senzalas como imprestáveis. Fecho os olhos, choro e sofro.


1 de abr. de 2011

"Se o homem não aceita seu passado, não terá futuro." O Retorno da Múmia


Então não remoa o passado, esse não volta. Cresça para o futuro e nele evolua sem cometer os mesmos erros.

XOXO-Imma Be

26 de mar. de 2011

Com todo amor...

Tenho andado distraída. A minha viagem semana que vem implica em muitas mudanças. O país é novo, a cultura totalmente diferente. O que eu abandonar aqui dificilmente terei por lá. Mesmo assim, estou decidida a partir. Hoje briguei com minha mãe sobre isso. Ela acha que devido as altas taxas de suicídio na China, isso me afetará. Eu não comentei, eu irei para a China. E não, não vou me suicidar. HAHA. Eu ainda tenho a vida toda pela frente. Porém vou dormir pensando nesse problema. E isso vai se acumulando até o dia da viagem. Eu já estava a um mês por lá quando um fato me chamou a atenção. Eu com 32 anos era uma das únicas do meu curso que não era milionária. Me bateu um desespero, essa vida competitiva, cheia de problemas, essa agitação toda. Não era o que queria pra mim. Mesmo sendo inverno dirigi até a cidade litorânea mais próxima e com o carro em cima da ponte decidi me jogar.

18 de mar. de 2011

"Duas pessoas só se machucam quando duvidam do amor que sentem" 
                                                                    Dogville   

Será que isso se aplica a mim? Não é o que eu acredito


                             XOXO- Imma Be


Minha alma não é gélida, só não expressa tanto amor.

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